sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Hey Jude" e a polêmica sobre John e Julian



Quando John e Yoko foram morar juntos, era de se esperar que os trâmites de divórcio entre John e Cynthia começassem. Um acordo provisório foi estabelecido através do qual Cynthia e Julian podiam ficar em Kenwood enquanto John e Yoko firmava residência em um apartamento em Montagu Square, no centro de Londres.

Paul sempre manteve uma relação próxima com Julian, filho de John, que na época tinha 5 anos, e, para demonstrar apoio à mãe e ao filho durante o rompimento, ele foi dirigindo de sua casa em St John's Wood até Weybridge levando uma única rosa vermelha. Paul costumava usar o tempo que passava no carro para trabalhar em músicas novas e, nesse dia, com a incerteza sobre o futuro de Julian em mente, ele começou a cantar "Hey Julian" e improvisar uma letra sobre o tema do conforto e da segurança. Em algum momento, durante a viagem de uma hora, "Hey Julian" se tornou "Hey Jules", e Paul criou o trecho "Hey Jules, don't make it bad, Take a sad song and make it better". (Ei Jules, Ei, Jules, não fique mal,
Escolha uma música triste e torne-a melhor.) Foi só depois, ao desenvolver a letra, que ele transformou Jules em Jude, por achar que Jude soava mais forte. Ele já tinha gostado do nome Jud quando viu no musical Oklahoma.

A música foi se tornando menos específica e John achou que a música era dedicada a ele, encorajando-o a sair dos Beatles e construir um novo futuro com Yoko ("You were made to go out and get her..." / Você foi feito para sair e conquistá-la...). Paul acreditava que, se era dedicada a alguém, era a si mesmo.

A melodia conduziu a letra, o som teve prioridade sobre o significado. Um verso em particular - "the moviment you need is on your shoulder" ("o movimento que você precisa está nos seus ombros")- deveria ser apenas um tapa buraco. Quando Paul tocou a música para John, comentou que aquela parte precisava ser substituída e que ele parecia estar cantando sobre seu papagaio. "Esse provavelmente é o melhor verso da música", disse John. "Deixe aí. Eu sei o que significa".

Julian Lennon cresceu conhecendo a história por trás de "Hey Jude", mas só em 1987 ouviu os fatos diretamente de Paul, quando o encontrou em Nova York. "Foi a primeira vez que nós sentamos e conversamos. Ele me contou que vinha pensando na minha situação todos aqueles anos atrás, no que eu estava passando, e pelo que eu ainda teria de passar no futuro. Paul e eu passávamos bastante tempo juntos - mais do que meu pai e eu. Talvez Paul gostasse mais de crianças na época. Tivemos uma grande amizade, e parece haver muito mais fotos daqueles tempos em que estou brincando com Paul do que com meu pai", conta Julian.


"Eu nunca quis saber realmente a verdade sobre como meu pai era e como ele era comigo", ele admite. "Mantive minha boca fechada. Muita coisa negativa foi dita sobre mim, como quando ele disse que eu tinha saído de uma garrafa de uísque em um sábado à noite. Coisas assim. É muito difícil lidar com isso. Eu pensava, cadê o amor nisso tudo? Foi muito prejudicial psicologicamente, e por anos isso me afetou. Eu costumava pensar, como ele pôde dizer isso sobre o seu próprio filho?".

Julian não se atém à letra de "Hey Jude" há algum tempo, mas acha difícil fugir dela. Ele está em um restaurante e a música toca, ou ela surge no rádio do carro quando está dirigindo. "Ela me surpreende toda vez que eu escuto. É muito estranho pensar que alguém escreveu uma música sobre você. Ainda me emociona", ele diz.



"Hey Jude" foi o single de maior sucesso em toda carreira dos Beatles. Chegou ao topo das paradas no mundo todo e, antes do fim de 1967, mais de 5 milhões de cópias tinham sido vendidas.

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2 comentários:

  1. A cada dia só tenho motivo pra me orgulhar do amor que sinto pelo Paul. Que pessoa especial, que ser humano!!!

    Salete Luz

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  2. Incrível a simplicidade da música e tudo o que ela representa! Me arrepio toda vez que a escuto, e não são poucas!!!

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