“Povo arretado!!!” Quem disse isso foi o próprio Paul, ao perceber que faria parte de mais uma noite inesquecível, em uma cidade orgulhosa e até um pouco incrédula sobre quem estava ali lhes reverenciando, diante de tante reverência. A primeira apresentação da On The Run Tour no Brasil trouxe um show com mudanças em relação às últimas apresentações no Brasil, com a turnê Up and Coming.
Foram poucos minutos de atraso, nem cinco, e Paul McCartney subiu ao palco no Estádio do Arruda pela primeira vez. Minutos antes, o DJ encerrava seu set de versões de músicas de Paul com “The end”. Paul cantando “The love you take is equal to the love you make” era um recado desnecessário naquela situação. O amor dos recifenses estava exposto em sorrisos, fantasias, bonecos e nos olhos. Olhos abertos, marejados, sorridentes, agradecido.
Paul subiu ao palco e viu quase 60 mil pessoas gritarem e mostrarem que quando o papo é Macca, não importa os sotaques, nem a temperatura. A reação química gera sempre o mesmo produto em qualquer parte do planeta. A “Magical Mistery Tour” estava passando e convidava os pernambucanos para se divertirem. Em seguida, veio “Junior’s Farm”, dos Wings, a primeira novidade em termos de repertório. Apesar da base do setlist ainda ser a mesma, Paul trouxe para Recife surpresas bem diferentes para os brasileiros, desde a clássica “Night Before”, do início dos Beatles, até a recém-lançada “My Valentine”, feita para a atual esposa do cantor, Nancy Shevell”.
Mas não foram só elas. A tão aguardada “Maybe I’m Amazed”, uma das ausências sentidas pelos fãs nas últimas vindas de Macca ao Brasil, também apareceu em uma versão intensa. Paul mostrou que ainda é capaz de reinventar melodias de grandes hits e de apontar caminhos pra quem queira fazer releituras de seus clássicos. Mas sem dúvida, o ponto máximo veio após “Something”, homenagem de Macca a seu amigo George Harrison. Alguém na plateia gritou “Ringo!”
Paul ouviu. Ele, que já tinha feito reverência a John, com “Here Today”, não pode deixar de render homenagem o baterista da maior banda de todos os tempos.
- Ringo? Yeah, Ringo!!!! In the town where I was born…
Foi só puxar “Yellow Submarine”, que a galera foi atrás! Paul ainda tentou evitar, mas não deu. A banda entrou junto, acompanhou o Arruda e Macca se rendeu. Em um show tão bem ensaiado, é raro ter a chance de ver um improviso como este. O estádio veio abaixo de alegria. A emoção do público só pode ser comparada a outros grandes hits, como “Let it be”, “Hey Jude” e “Live and Let Die”.
No fim, o medley “Golden Slumbers”/”Carry that weight” foi tocado exatamente como gravada pelos Beatles no disco “Abbey Road” e serviu de prenúncio para “The End”. Antes do show começar essa tinha sido a última música ouvida nos auto-falantes do Arruda. Foi também o encerramento da apresentação.
O recado dela é eterno e o amor plantado por Paul no Recife foi todo recebido de volta. Ele sempre comprova a máxima que canta. E hoje tem mais.
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