terça-feira, 23 de agosto de 2011

Compactos "She Loves You" / "I'll Get You" são lançados há 48 anos


Duas grandes composições de Lennon/McCartney foram lançadas há exatos 48 anos, no dia 23/08/1963.
"I'll Get You" foi escrita por John e Paul na casa John como sequência de "From Me To You" e se tornou o lado B de "She Loves You", composta dias depois, mas que eles acharam melhor. A letra, mais reflexiva que alegre, parecia ter mais de John do que de Paul, e há uma impressionante semelhança entre os versos de abertura ("Imagine I'm in love with you, It's easy 'cos I know'") (Imagine que eu estou apaixonado por você, é fácil porque eu sei) e os versos de "Imagine" ("Imagine there's no heaven, It's easy if you try) (Imagine que não há paraíso, é fácil se você tentar), sua composição de 1971.
"I'll Get You" é uma das primeiras músicas  a expor claramente a crença de John na visualização criativa - a ideia de que, ao imaginar as coisas que queremos que aconteçam, podemos concretizá-las. Para Paul, que ainda a considera uma das suas faixas favoritas dos Beatles, o uso da palavra "imagine" evocava o começo de um conto de fadas infantil e era um convite a um universo fictício.
Um dos truques musicais da composição, a mudança de ré para lá menor para quebrar a palavra "pretend", foi tirado da versão de Joan Baez da tradicional canção "All My Trials", de seu álbum de estréia, Joan Baez (1960). Na música de Joan a mudança ocorre no primeiro verso, sob as palavras "don't you cry".

Assista "I'll Get You":




Leia ouvindo
She Loves You by The Beatles

SHE LOVES YOU

Apesar de os Beatles já terem ocupado o posto número 1 duas vezes em 1963, foi "She Loves You" que os levou ao "toppermost of the poppermost", como eles chamavam de brincadeira o topo das paradas.
As vendas superaram tudo o que haviam feito antes, e o single se tornou o mais vendido da Inglaterra na década, entrou Top 20 em agosto de 1963 e lá ficou até fevereiro de 1964 (nos EUA, ele só se tornou um hit depois do sucesso de "I Want To Hold Your Hand").
Mas não era somente um triunfo comercial. Em pouco tempo mais de dois minutos, os Beatles destilaram a essência de tudo o que lhes conferia frescor e arrebatamento. Havia a batida marcante, a bela harmonia, o "woooo" meio feminino que funcionaria tão bem em "From Me To You", além do entusiasmo explosivo do ritmo. E, para completar, a inconfundível marca do "yeah, yeah, yeah", que se tornou um presente para os redatores de manchetes.


A rápida expansão da beatlemania de fenômeno regional para nacional pode ser atribuída à aparição dos Beatles no Sunday Night at The London Palladium, um programa de televisão transmitido ao vivo do centro de Londres, em 13 de outubro de 1963. O público chegou a 15 milhões de espectadores, fãs aos gritos abarrotaram o teatro, e muitos dos que encheram as ruas ao lado de fora apareceram na primeira página dos jornais da Fleet Street do dia seguinte.

Os Beatles não só transformaram a música popular, eles também se tornaram um fenômeno do pós-guerra na Inglaterra. De um hora para outra as fotos da banda estampavam todos os jornais do país, não só publicações como Melody Maker, New Musical Express e Boyfriend. O single que acabou levando-os  ao olho do furacão por acaso era "She Loves You".





A canção foi escrita por John e Paul em Newcastle, depois de tocarem no Majestic Ballroom em 26 de junho de 1963. Eles tinham tido um raro dia de folga antes de continuar a turnê, no dia 28, em Leeds, e Paul se lembra de ter tocado violão com John em um quarto do Turk's Hotel.
Os primeiros três singles tinham sido declarações de amor com a palavra "me" no título. Dessa vez, Paul sugeriu que mudasse o ponto de vista, transformando-os em observadores de outra relação e dirigindo-se ao homem. Em vez de familiares "me" e "you", usaram "she" e "you". Paul se inspirou inicialmente no sucesso britânico da época "Forget Him", de Bobby Rydell, no qual o narrador diz a uma garota para esquecer o rapaz que não parece amá-la de verdade. À primeira vista, "She Loves You" é uma música sobre reconciliação. O compositor tenta juntar um casal separado repassando mensagens ("she told me what to say") ("ela me disse o que dizer") e dando conselhos ("apologize her") ("peça desculpas à ela).
No entanto, o crítico de rock americano Dave Marsh detectou nuances mais sombrias no texto. Em The Heart Of Rock And Roll, ele escreveu: "O que Lennon canta se resume a um alerta para seu amigo: "É melhor você valorizar a amizade dessa mulher, porque, se não, eu o farei'".
A canção continua ambígua porque cabe ao leitor/ouvinte interpretar o que é dito como um conselho a um amigo ou como uma ameaça a um rival.

O refrão "yeah, yeah, yeah" se tornou o perfeito chavão de uma era otimista. Se as coisas tivessem acontecido como o pai de Paul queria, no entanto, tudo teria sido diferente. Ao ouvir a música pela primeira vez, enquanto John e Paul trabalhavam nela, durante uma rápida visita a Forthin Road, ele sugeriu que mudasse para "yes, yes, yes", porque era mais correto. Este era o inglês da Rainha, mas não o do Rock' n' Roll.

Os Beatles não foram o primeiro grupo a adotar o "yeah yeah", frequentemente usado como acessório na skiffle music dos anos 1950, e também por Cliff Richard em "We Say Yeah" (1962) e Elvis Presley em "All Shook Up" (1957) e "Good Luck Charm" (1962).
O sexto acorde, que encerra a música, era incomum na música pop, apesar de a Glenn Miller Orchestra tê-lo usado como frequência em suas gravações na década de 1940. "George Martin riu quando tocamos a música para ele pela primeira vez", conta Paul. "Ele achou que estávamos brincando. Mas não funcionava sem o acorde, então decidimos mantê-lo, e George acabou se convencendo."

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